Por que gostamos tanto de Champagne?
Conversamos com o produtor do Champagne Vollereaux, grande bestseller, para entender por que o mundo quer Champagne. Descubra a resposta!
Ao som do primeiro despertador, Pierre Vollereaux, atual proprietário da vinícola que carrega o sobrenome da família, pega um Champagne na adega ao lado de sua cama, abre a garrafa e a bebe inteira sozinho. Só então se levanta da cama, caminha até o banheiro e se olha no espelho. É no auge dos seus 75 anos que se ouve dizer todos os dias “sou mais bonito que o George Clooney”.
O fato que se passaria facilmente por brincadeira, até mesmo beirando a insanidade, não passa de um acontecimento corriqueiro numa pequena e familiar propriedade da região, a Vollereaux. Ah, isso sem falar que responde à pergunta ‘por que gostamos tanto de Champagne?’. Não entendeu?! “Depois, ele [Pierre] liga a tevê e não vê guerra, não vê pobreza, até o por do sol fica mais bonito. Ele tem um senso de humor muito especial”, conta Julien Breuzon, gerente de exportação da vinícola.
Borbulhas que vibram à taça fazem brindes melhores, e quanto a isso não há o que discutir. Mas nem sempre é necessária uma ocasião especial para abrir uma garrafa (ou precisa?). “Champagne é Champagne. Ainda existe essa imagem de celebração e a maioria das pessoas bebe Champagne numa ocasião especial”, explica Breuzon. E ele continua, “se está triste, deveria beber Champagne para se sentir melhor, e se está feliz, para celebrar!”.
Qualidade consolidada pela tradição
Muito se discute sobre o nascimento dos primeiros espumantes do mundo, mas a versão mais aceita ainda se passa em Champagne. O monge Dom Pierre Pérignon, responsável pela adega da Abadia dos Beneditinos de Hautviliers, uma pequena cidade da região, é quem teria descoberto a técnica.
Foi ele quem, inclusive, exclamou uma das mais famosas citações quando o assunto em questão são os espumantes mais conhecidos do mundo (“estou bebendo estrelas!”). Bem, não à toa, um dos nomes do método de segunda fermentação em garrafa, que resulta nas borbulhas e ainda aumenta a complexidade aromática do vinho, é “champenoise”.
Complexidade a cada bolha
O segunda fermentação em garrafa garante complexidade de aromas muito maior que os outros métodos de se fazer espumantes. Isso porque o vinho base fica em contato com as leveduras, que são responsáveis em transformar açúcar em álcool e gás carbônico. Uma vez que as borbulhas já se formaram, as leveduras morrem –pela chegada ao limite de pressão ou de álcool que elas suportam – e seguem em contato com o vinho (período chamado de autólise).
Por mais que o método não se limite a produção de espumantes da região, parece que nenhum outro consegue chegar às mesmas notas. Do fermento e massa de pão ao brioche e tostado, sem falar nos aromas cítricos, minerais, frutado e floral – característicos da maturação das uvas na própria região.
Dica do produtor
“Pequenas vinícolas costumam ser uma alternativa muito boa às grandes marcas de Champagne. São mais baratas, acessíveis e conseguem oferecer muitas vezes uma qualidade mais alta”, garante o gerente de exportação da Vollereaux. A versão brut reserve da vinícola, por exemplo, fica na adega por três anos, enquanto a lei estabelece tempo de envelhecimento mínimo de apenas 15 meses.
6h45 ainda parece cedo para abrir a primeira garrafa do dia?